MEMÓRIA DA ARTE:
preservação da arte com intervenção temporal.
Como manifestação artística, a intervenção temporal, desenvolvida por mim, permite-me captar um registo, no tempo espaço, tridimensional, singular e efêmero, esse registo artistico, acontece uma única vez, a plasticidade da tinta, o movimento, o gesto não nos permite repetições. A cumplicidade entre a captura da imagem, e todo o processo de criação, fundem-se num núcleo.
A noção de "espaço" que temos provém das nossas memórias, de nossas experiências considero algo que tem autonomia, com total liberdade após criação, que flui no tempo, espaço independente de qualquer coisa. Imagem que é captada, descrita, num momento único. O registo sobre a presença acontece uma única vez, na fotografia, no entanto, apesar de momentânea, deixa traços na memória, como sentimento, como experimentação, como imagem e no final como um todo.
Manifestação artística que exige registro. A arte simplesmente ganha outra consistência no momento da intervenção temporal, no momento em que ela se realiza fica presente na memória de quem teve a oportunidade de presenciá-la, o momento em que o registo e a obra se integram.
A intervençâo temporal é o momento em que a presença é registada sobre o suporte, neste caso a tela, a partir dessa intervençâo que é feita por um convidado eu crio a obra.
Quando pintei o quadro sobre a Eunice Muñoz, jamais poderia calcular que aquele momento em que ela fez a intervenção, iria mudar completamente a minha visão artística. Naquele momento estavam reunidas todas as condições para criar uma obra sobre ela, pois o registo temporal estava criado com a presença e intervenção.